Agressão proativa e reativa
Bullying é um comportamento agressivo, aliás a forma mais comum de violência nas escolas de todo o mundo. Pesquisas sugerem que quase metade dos estudantes vai viver alguma forma de bullying durante sua vida escolar. O bullying afeta os estudantes acadêmica, social e psicologicamente.
As iniciativas para combater o bullying geralmente prescrevem o aconselhamento para os bullies. Mas para isto,segundo Mc Adams e Scmidt (2007), os orientadores precisam primeiro compreender as necessidades e motivações por trás deste comportamento.
A literatura distingue dois tipos de agressão – agressão reativa e agressão proativa. A agressão reativa é caracterizada como uma resposta de `sangue-quente`, automática, defensiva, a uma ameaça percebida (Hubbard et alii, 2001; Wood e Gross, 2002). Relações anteriores com as figuras significativas, reais ou percebidas como ruins, fazem com que os agressores reativos mantenham altos níveis de raiva internalizada e insegurança, tornando-os vulneráveis a respostas excessivamente emocionais a estressores ou ameças pessoais. São aqueles a quem os professores se referem como tendo `pavio curto`, intolerantes a frustração, impulsivos, sujeitos a explosões diante de qualquer fonte de stress .
Ao contrário, a agressão proativa não ocorre como uma resposta defensiva e emocional a uma ameaça. Ela é descrita como organizada, com propósito e premeditada ao invés de automática (Galezewski, 2005). Segundo Cottle (2004) e McAdams e Lambie (2003), a agressão para este tipo de agressor com o tempo passou a ser um meio internalizado de atingir a segurança pessoal, competência e controle. A propensão para uma hostilidade generalizada e um comportamento anti-social parece ter duas origens: uma manifestação clara de ressentimento e raiva internalizada devido a necessidades frustradas de segurança e um mecanismo pelo qual mantêm os outros à distância para não colocarem em risco a autonomia e auto-suficiência desejadas.
A agressão proativa, segundo vários autores, é usada consistentemente como um instrumento de ganho pessoal (status, controle, autoconfirmação, gratificação, etc) e segundo Hubbard et al. (2001) é aplicada estrategicamente, com método e sutileza, até que o objetivo desejado seja alcançado. Os agressores proativos iniciam os atos agressivos sem provocação e contra aqueles que eles percebem como mais vulnerávies .
São os agressores proativos que colegas e professores se referem como bullies (Hubbard et al., 2001). Os que são fisicamente grandes e fortes conseguem o domínio através de ameaças ou atos de intimidação física. Os que não possuem a força física, voltam-se para a coerção e manipulação para atingirem o controle de que precisam para uma autoimagem positiva (Larke e Berna, 2006: Salmivalli e Nieminen, 2002). Utilizam-se da racionalidade e da lógica, proficiência verbal, controle emocional. Não demonstram remorso pelos seus atos e apresentam desculpas racionais para justificarem o comportamento (Brendegen et alii, 2001).
São capazes de calcular o momento certo para seus atos agressivos, para que não sejam percebidos ou detidos (Dodge et alii, 1997; Woodworth e Porter, 2002), e para que seus atos tenham ganho máximo e consequências mínimas.
Pode-se esperar que a agressão proativa continue até que estes agressores desenvolvam uma empatia genuína pelos outros; até que seu comportamento agressivo deixe de satisfazer suas necessidades de controle; ou até que tenham acesso a formas mais satisfatórias e pró-sociais de manter uma autoestima positiva. Mas isto provavelmente não ocorrerá espontaneamente e sem intervenção, por várias razões, segundo McAdams e Schmidt:
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o comportamento moral não é adquirido automaticamente sendo, ao contrário, influenciado por instrução, supervisão, correção e modelagem
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falta de motivação para mudar
- oportunidades fáceis de dominar os outros
Para os autores acima “o objetivo das intervenções para tratar a agressão proativa é desenvolver um nível de empatia que efetivamente restrinja sua vontade de ferir os outros para ganho pessoal”.
No entanto, segundo eles, o desenvolvimento da empatia ocorre gradativamente enquanto que a necessidade de interromper o comportamento bullying é imediata. Este é o grande desafio dos orientadores educacionais quando recebem alunos encaminhados por comportamento bullying crônico.