Não sei se algum dia esta mensagem vai ser lida, porém, escrevo-a com esperança e com o intuito de mostrar que eu também sou uma Maria Capaz.
Vou ser muito breve ao contar a minha história, posso mesmo chegar a ser fria, mas ainda há um revolta em mim face a este problema.
Ao longo de 3 anos fui vítima de bullying, em silêncio. Só Deus sabe o quanto sofria sozinha, com medo de pedir ajuda nas mãos de duas raparigas que nada têm igual a mim. Quiseram-me sempre baixar a auto-estima, e conseguiram. Levaram-me ao limite. Ao ponto de ter vontade de morrer. Morrer, uma palavra com significado tão ruim, tão cruel. Pior que o significado, é ter vontade de o pôr em prática. E um dia tentei mesmo. Tentei fazê-lo no ano em que ganhei coragem e pedi ajuda. Imaginem, uma pré-adolescente de apenas 12 anos com uma depressão, com medo de sair de casa, extremamente magra e sem vontade de viver. É triste, não é? O que mais me custa é saber que no país, no mundo, existem tantas outras Marias a sofrer do mesmo mal, a passar pela experiência cruel que passei. Causa-me revolta. Causa revolta a quem passa por isto. Causa ainda mais revolta saber que essas pessoas que praticambullying saem ilesas.
Hoje, prestes a fazer 16 anos, penso: como poderia querer acabar com a minha vida? Ia deixar que me vencessem. E não vou deixar que me vençam. Prometi isso a mim mesma, assim como ajudar adolescentes e crianças a superar situações idênticas à minha. Sinto-me bem em ajudar. Acho que só agora estou a perceber que não sou feia, nem gorda e muito menos uma imbecil. Era assim que era tratada. Fiquei presa ao que diziam que era e não ao que era na realidade. Sou uma Maria Capaz. Venci. Tenho consciência de que sou CAPAZ de atingir os meus objetivos. Não posso mudar o mundo, mas posso tentar melhorá-lo. E é esse um dos meus objetivos. Melhorar. Mal sabiam os meus pais que, ao darem-me o nome de Maria, me iria tornar uma MARIA CAPAZ. Se este texto for lido, provavelmente vão-me achar um pouco egocêntrica. Mas não. Ainda continuo insegura, com baixa auto-estima. Talvez um dia ganhe coragem e conte todos os pormenores do horror vivido. Até lá, peço à Maria Capaz que me “ouça”. Foi um desabafo. Um desabafo que me saiu das entranhas e da profundeza do coração.
Podemos viver de muitas maneiras, mas há algumas que não nos permitem viver. O bullying é uma delas. É uma condicionante da ação humana, que, infelizmente, cala muitas bocas e leva-as ao limite. Deixam de viver.
Eu venci. Agora sou feliz, sem medo.Parabéns pela plataforma Maria Capaz. Não conseguem mudar o mundo, mas conseguem melhorá-lo mostrando que há tantas MARIAS CAPAZES pelo mundo fora sem medo de lutar!
Imagem http://pixshark.com/physical-bullying-tumblr.htm