Uma pesquisa de âmbito nacional realizada no ano passado pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de São Paulo (USP) constatou que 20,8% dos alunos já praticaram algum tipo de bullying contra os colegas. Desse universo, 18,6% ocorreu devido à aparência do corpo. A gordofobia, termo que se refere aos atos de violência psicológica e até física praticados contra pessoas obesas, é um exemplo do preconceito contra os que não se enquadram no padrão estético. Pertinente no universo estudantil, o tema será alvo de debate entre os dias 22 e 26 deste mês no Instituto Federal de Sergipe – Campus Itabaiana durante a realização da Semana Stop Bullying.
A pesquisa realizada pela USP identificou que a prática do bullying é mais comum no sexo masculino. Por definição, a gordofobia é uma forma de discriminação estruturada e disseminada nos mais variados contextos socioculturais e consiste na desvalorização e hostilização de pessoas obesas e seus corpos. As atitudes gordofóbicas reforçam estereótipos e impõem às vítimas situações degradantes. E uma das maiores dificuldades que os especialistas se deparam para enfrentar o problema está na própria resistência social de reconhecer o preconceito – a situação acontece porque é considerado aceitável, por exemplo, intimidar e censurar quem é gordo ou fazer observações constrangedoras sobre o que a pessoa gorda está comendo.
O idealizador do projeto é o psicólogo do Campus Itabaiana, Emerson Feitosa Lins. Ele explica que, no contexto escolar, a gordofobia se faz presente, mas não é problematizada e discutida como deveria. “Por essa razão, se torna importante dar o primeiro passo e abrir o canal de discussão para que seja possível por o tema em pauta e atuar de forma informativa, preventiva e contínua para o combate dessa forma de bullying”. Estão previstas discussões orais, confecção de materiais impressos e em vídeo, cartazes, pinturas e textos, além de rodas de conversa e exposição dos materiais construídos durante o evento.
A discussão sobre a gordofobia será apenas a primeira empreendida pelo Stop Bullying – o projeto será desenvolvido em três eixos temáticos. A idéia dos debates surgiu a partir da identificação de demandas e situações que acontecem no âmbito escolar, que é justamente um dos mais propícios para a prática da violência. O evento, inclusive, está em sintonia com a legislação brasileira: desde novembro do ano passado, uma lei instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática – a norma tem como objetivo fundamentar futuras ações na área pelo Ministério da Educação e pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.