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  • Itamar Melo itamar.melo@zerohora.com.br

Suicídio na infância e na adolescência: É preciso romper o silêncio


Conheça fatores que, em crianças e adolescentes, podem dar indício de que há algum risco.

Abuso de drogas. Álcool e drogas são muitas vezes uma forma de fugir dos problemas e, além disso, podem favorecer algum estado depressivo. Há relatos de uso cada vez mais precoce.

Desorganização familiar. A sensação de abandono e de falta de atenção pode levar a criança a atitudes extremas.

Quadro de depressão. Os adolescentes, especialmente, têm dificuldade em lidar com a depressão. Podem reagir com raiva e agressividade

..Alterações de conduta. Tornar-se agressivo, começar a faltar às aulas, piorar o desempenho escolar, dormir demais ou muito pouco, comer muito ou quase nada e isolar-se são mudanças de comportamento que devem ser acompanhadas de perto

.Gestações precoce. Em alguns casos, meninas que tentam abortar e não conseguem acabam fazendo uma tentativa de suicídio.

Abusos e maus tratos. Abusos sexuais e físicos podem estar relacionados às tentativas

Casos conhecidos. Crianças e adolescentes são mais sugestionáveis. Dados mostram que muitas das tentativas são feitas por quem conhece outra pessoa que já tentou se matar, seja na família ou na escola

.. Autolesões. mais comum entre crianças e adolescentes a prática de infligir lesões em si mesmo com lâminas ou estiletes.

Tentativas anteriores. Quem já tentou se matar uma vez tem mais probabilidade de tentar de novo.

Como agir

Observe sintomas de depressão, Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite.Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente.Abuso de álcool, droga ou remédios.Dificuldades de relacionamento e integração.-Dizer adeus, como se não fosse mais ser visto.Preste atenção nos adolescentes- Mantenha uma atitude não julgadora.-

Desenvolva uma escuta atenta sobre os problemas e angústias dos adolescentes.-

Ressalte a esperança na possibilidade de melhora pela psicoterapia ou pela medicação antidepressiva.-

A melhora inicial do paciente em meio ao tratamento não descarta hipótese de suicídio. Pelo contrário: em alguns casos, eles buscam a morte no momento da melhora.-

Não tenha preconceito com internação, caso especialistas recomendem.

Fique atento aos riscos da internet- Mantenha-se vigilante em relação aos sites frequentados.-

É comum pessoas doentes buscarem na internet uma forma de se aliviar. Por vezes, acabam encontrando pessoas tão ou mais doentes ou com grupos anônimos que estimulam o suicídio.

“O bullying está fortemente associado

Estellita-Lins, coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção ao Suicídio da Fundação Oswaldo Cruz (RJ)

Por que aumentou o suicídio na infância e na adolescência?O que há são explicações epidemiológicas. É como na economia. Por que a bolsa subiu?Você encontra três ou quatro eventos importantes relacionados e diz que deve ter sido por isso. Esse tipo de critério cientítico é bastante frouxo, mas é o melhor que a gente tem. A partir dos nove anos, você tem dados de suicídio. A partir dos 12 anos, já é relevante. O modelo do suicídio é sofrimento psíquico grande, depressão, ansiedade. No caso do jovem, é importante mencionar, existem situações de violência. A violência no Brasil não diminuiu, ela cresceu.

A violência da sociedade tem um impacto no suicídio?Tem, por alguns mecanismos obscuros e outros claros. Situações de violência geram sofrimento psíquico, geram perdas. E especialmente o abuso, a violência física, com humilhação. Uma forma de violência institucional, que é o bullying, está fortemente associada ao suicídio no adolescente.

Alguma pressão social nova surgiu sobre os adolescentes nos últimos anos?O aumento é, na verdade, uma curva de elevação. Não está marcando um acontecimento novo. O ponto que a gente pode discutir é a digitalização da sociedade, a virtualização. Há vantagens, mas cada vez mais a gente começa a observar as perdas, os malefícios, que ainda estão sendo estudados.

Que tipo de impacto teria a onipresença da internet?No adolescente, a gente discute se há síndromes e distúrbios novos. A pessoa ficar vivendo num mundo virtual, levando a um maior afastamento, introspecção, a mais depressão, a um isolamento.A internet facilita também o acesso a informaçõoes sobre suicídioIsso é preocupante, porque o conhecimento dos meios muitas vezes é buscado por quem está com ideação suicida. Ele pode começar a planejar, e isso auxilia. Outro aspecto são ambientes virtuais onde se pode falar tudo, exortar o jovem a fazer. Onde, de modo inconsequente, protegida pelo anonimato, a pessoa exorta o suicídio, dá conselhos, banaliza. A gente viu casos de meninas que foram humilhadas, que tiveram suas imagens eróticas divulgadas de maneira ilegal. É uma forma de cyberbullying. Isso gerou uma forma de suicídio menos típica, que não está relacionada com sofrimento psíquico continuado, e sim com o amor-próprio. Isso é uma novidade. É muito grave.

Como buscar ajuda.

Número gratuito para facilitar acesso à prevenção. Uma dificuldade adicional para a prevenção do suicídio entre crianças e adolescentes é o fato de esse público ser menos afeito a buscar ajuda por meio de uma ligação telefônica, afirma o médico Vitor Stumpf, do Centro de Valorização da Vida (CVV).É no teclado e na internet que as novas gerações sentem-se mais à vontade. Esse é um motivo, explica ele, para o CVV ter passado a oferecer atendimento por chat ou chamadas de voz online.Desde setembro, em uma parceria com o Ministério da Saúde, o CVV do Rio Grande do Sul passou a ser o primeiro do país a oferecer ligações totalmente gratuitas. Por causa do projeto, que será estendido a todo o país em caso de êxito, o tradicional número do CVV foi abandonado no Estado. Agora, a organização atende pelo 188. A mudança torna mais ágil o atendimento: o sistema do CVV conta com um roteador que consegue direcionar os telefonemas para unidades de atendimentos que estejam ociosas em outras cidades.“A gratuidade é muito importante. Acredito que fomos escolhidos para começar esse projeto porque somos o Estado com mais notificação de suicídios” – observa Stumpf.Como contatarPor telefone: 188 (as ligações são gratuitas, inclusive por celular)Por chat ou chamada de voz online: acesse cvv.org.br


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