Personagens do Bullying
BULLY ou AGRESSOR
É aquele que faz o bullying. É quem agride os outros, sem nenhum motivo, porque acha graça em diminuir alguém. Pode ser qualquer um, o bom aluno, o mau aluno, o fortão, o mais fraco, o popular, e até o queridinho dos professores. Eles nem sempre machucam fisicamente, podem machucar os sentimentos, que dói tanto ou até mais que um machucado na pele.
Barbara Colorosso é uma grande estudiosa do bullying. Olha o que ela diz:
“Os bullies vêm em diferentes tamanhos e formas: alguns são grandes, outros são pequenos; alguns são inteligentes e outros nem tanto; alguns são atraentes e outros não; alguns são muito populares e outros são detestados por todo mundo. Você não pode identificar um bully pela sua aparência e sim pelo modo como eles agem.”
J. Alexander escreveu um livro muito legal sobre como enfrentar o bullying – Valentões, fofoqueiros e falsos amigos – Torne-se à prova de bullying. Ela classificou os bullies em:
Valentões – são os que intimidam, excluem você do grupo, batem, empurram, chutam, enviam mensagens ameaçadoras, levam seu dinheiro do lanche, estragam seu material, zombam de você;
Fofoqueiros – espalham boatos maldosos, fazem comentários sarcásticos a seu respeito, inventam fatos sobre a sua vida, enviam mensagens de números desconhecidos para o seu celular, falam grosserias;
Falsos amigos – abandonam você sem dizer o porquê, revelam seus segredos, não o convidam para mais nada, bloqueiam você no msn e o isolam.
É preciso ficar bem claro que ninguém nasce bully, que isto não está escrito na genética deles. Existe, sim, o temperamento da pessoa. Alguns são mais agressivos, mais difíceis. Mas as influências do ambiente são muito importantes.
O que é o ambiente aqui neste caso? A família é o primeiro deles. Se a criança não é bem cuidada, se os pais não colocam limites, se incentivam a agressividade para conseguir o que se quer, se os próprios pais são agressivos entre si e com os filhos, o que esperar da criança? A escola tem um papel muito importante também. A escola não pode fechar os olhos para o bullying, dizer que isto é coisa de criança e que um dia passa. Se os educadores não se posicionarem contra o bullying, o bully vai continuar achando que ele pode fazer aquilo, que não tem consequência nenhuma. A comunidade e a cultura da sociedade também influenciam muito o comportamento do bully. Elas podem permitir ou estimular o comportamento agressivo ou de desprezo. Como? Filmes violentos, games cujo objetivo é destruir o outro, programas de ‘pegadinhas ‘na TV para tirar sarro de todo mundo. Os preconceitos da sociedade também reforçam o bullying por não aceitar o que é diferente.
Vamos nos lembrar sempre: BULLYING É UM COMPORTAMENTO APRENDIDO E PODE SER DESAPRENDIDO!
Para ser desaprendido é preciso uma ação de todos afirmando que aqui o bullying não é aceito!
VÍTIMAS
As vítimas são os que sofrem bullying. Podem ser chamadas também de alvos do bullying. Em geral são tímidas, inseguras e sensíveis. Tendem a ser mais sozinhas, com poucos amigos. Têm dificuldade para se defender e este é um dos motivos para o bully atacá-las.
Como os bullies têm necessidade de mostrar poder através da diminuição do outro, eles ficam procurando aqueles que serão mais fáceis de se submeter.
Os autores apontam algumas características ou situações que podem tornar as pessoas vítimas de bullying:
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Ser novo na escola
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Ser o mais novo ou mais nova da sala
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Ser submisso, ansioso sem autoconfiança
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Ter comportamentos e atitudes que o bully acha chatos
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Ser pobre ou rico
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Ser de raça, religião ou de orientação sexual diferentes
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Ser muito inteligente, bom aluno
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Ser gordo ou magro, usar aparelho ou óculos, ter espinhas, usar roupas diferentes da maioria
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Ter deficiências físicas ou mentais – os estudos mostram que estas crianças e jovens sofrem até três vezes mais bullying do que os outros
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A criança ou jovem que está no lugar errado no tempo errado – é atacado porque o bully queria agredir alguém ali, naquele lugar, naquela hora.
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É preciso ficar bem claro: Não é porque alguém possui uma destas características que vai ser obrigatoriamente vítima de bullying.
As vítimas podem ser passivas, provocadoras ou agressoras.
VÍTIMAS PASSIVAS – São mais inseguras e ansiosas do que o resto dos alunos. Quando atacadas geralmente reagem chorando (quando menores) ou se retraindo. Em geral são solitárias, sem amigos. Segundo Olweus (o primeiro pesquisador do bullying) “parece que o comportamento e a atitude delas dá o sinal para os outros de que são inseguras e que não vão reagir se forem atacadas ou insultadas”.
VÍTIMAS PROVOCADORAS – Provocam os colegas, agem impulsivamente. Com isto atraem reações agressivas com as quais não sabem lidar e acabam se tornando vítimas. Muitos podem ser considerados hiperativos. Vou dar um exemplo: na escola onde eu trabalhava tinha um menino do quinto ano que vivia implicando com um aluno do 3º. do Ensino Médio. Jogava bolinha de papel nele, chamava de gordão, etc. Um dia, o maior se cansou, levou o menino pra quadra e abaixou a calça dele. De provocador passou a vítima. Ficou claro?
VÍTIMAS AGRESSORAS – São os alunos que sofreram bullying e depois passam para o papel de bully, intimidando seu próprio agressor ou outro aluno. São tidas como as mais perigosas, porque podem desenvolver sentimentos de vingança e um dia cometer atos de loucura com os próprios colegas ou contra a escola em que estudaram. É mais ou menos o caso do Wellington, que matou várias crianças indefesas em Realengo, justamente na escola onde estudou e sofreu bullying.
NINGUÉM MERECE SER VÍTIMA DE BULLYING. NÃO PRECISAMOS SER AMIGOS DE TODOS OS NOSSOS COLEGAS, MAS PRECISAMOS TRATAR TODOS COM RESPEITO!!!
ESPECTADORES
Os espectadores são os terceiros atores no palco do bullying. São aqueles que presenciam o bullying embora não tenham nenhum papel ativo na situação. Mas são parte do problema justamente por terem esta atitude passiva. O bullying também afeta os espectadores, deixando-os inseguros ao verem cenas de violência. Podem também desenvolver sentimento de culpa por nada terem feito.
Cleo Fante foi a primeira pessoa no Brasil a estudar e fazer pesquisas sobre bullying. Ela diz que os espectadores representam a maioria dos alunos de uma escola. Muitos espectadores não aceitam a ação dos agressores, mas não fazem nada para intervir. Outros até apoiam e incentivam, dando risadas e estimulando. Como uma forma de defesa, chegam a fingir que estão se divertindo com a ‘brincadeira’.
Sabe quais as razões que eles dão para não fazer nada? Vamos ouvir novamente Barbara Colorosso:
1. Têm medo de se machucar. O agressor é maior e mais forte e tem fama que justifica o medo. Entrar no meio não é a atitude mais inteligente
2. Têm medo de se tornar a próxima vítima.
3. Temem que se fizerem alguma coisa só vai piorar a situação.
4. Não sabem o que fazer. Não aprenderam como intervir, como relatar o bullying ou como ajudar a vítima.
Ela diz que assim como o bullying é um comportamento aprendido, as crianças também precisam ser ensinadas sobre o que fazer para interromper uma situação de bullying. O bullying que acontece nas escolas poderia ser muito menor se o resto da turma não aceitasse e se fizesse alguma coisa para parar com aquilo.
O que fazer, então?
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Nunca ache graça, nunca fique assistindo ao que está acontecendo com jeito de quem está se divertindo! Os bullies adoram uma plateia pra quem podem mostrar que são poderosos.
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Se você perceber que pode acontecer alguma coisa muito séria, um machucado, um tombo perigoso, procure imediatamente um adulto!
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Se o bullying for mais velado, sem ser físico, tente na primeira oportunidade contar para alguém da escola o que está acontecendo. Pode ser um professor, o orientador educacional, o inspetor ou até mesmo o diretor da escola. Se você achar que é necessário, vá numa hora que o bully não perceba e peça segredo.
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Dê a sugestão na sua escola para que coloquem uma caixa em algum lugar para se fazer denúncias de bullying.
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Se o bully for seu amigo ou alguém com quem você tem alguma intimidade, procure conversar com ele, dizendo que aquilo não é legal.
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Tente apoiar de alguma forma a vítima! Você pode procurar se relacionar com ele ou ela, passar o recreio junto, etc.
Qualquer programa de combate ao bullying deve focar os espectadores, pois suas atitudes serão essenciais para diminuir o bullying na escola!