Gosto muito de navegar pela internet buscando novos artigos sobre bullying. Alguns são bastante interessantes e gosto de postá-los aqui como contribuição ao assunto. Não que sejam novidades, como é o caso do de hoje. Aqui mesmo no bullying não é brincadeira já trouxe várias orientaçãoes sobre como reagir ao fato de seu filho ou filha estar sofrendo bullying.
Paula Aftimus traz boas sugestões, de uma forma didática e clara. Vale a pena ler!
Bullying: saiba o que os pais devem fazer para lidar com o problema, seja o filho uma vítima ou o autor da agressão
Dia 20 de outubro foi o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Mas o que é bullying, afinal? “Trata-se de uma violência que acontece entre pares, de maneira repetida, premeditada e com a intenção de ferir, física ou psicologicamente”, explica Luciana Lapa, psicóloga e orientadora educacional especializada no tema. Esse tipo de violência envolve três “personagens” principais: o alvo, o autor do bullying e seus expectadores. Os pais nessa história? “Porque a violência acontece sempre longe de figuras de autoridade, é comum que os pais e professores demorem a perceber que algo não está bem”, explica a especialista.
Entenda melhor como funciona o bullying e veja como combater o problema seja seu filho o alvo, o autor ou mesmo um expectador que não se posiciona contra a agressão.
O que é o bullying?
Qualquer discussão, desavença ou briga entre crianças ou adolescentes não se caracteriza como bullying. Para ser bullying, é preciso que a violência, provocação ou ridicularização aconteça repetidamente, de forma premeditada e com a intenção de humilhar, constranger, ferir. No bullying existe uma hierarquia de poder, sendo que o autor da agressão acredita ser mais poderoso do que o alvo, pelos mais variados motivos. E há também, necessariamente, expectadores, pois o autor precisa de público. “É importante ressaltar que, especialmente as crianças, não têm ainda uma formação moral bem definida. Ela dá risada porque não entende a dor do outro em toda a sua extensão. Justamente por isso o papel dos pais é tão importante no combate ao bullying. Cabe à família ensinar os filhos a verem o outro como igual, a se colocar no lugar da vítima e se posicionar contra a agressão. Muitas vezes uma palavra de um colega, intervindo em nome do alvo, já dá um suporte para esta criança ou adolescente conseguir olhar para si e se valorizar”, complementa a psicóloga.
Quem costuma sofrer bullying?
Normalmente são crianças e adolescentes que se destacam por serem diferentes de alguma maneira. Usam óculos, têm orelhas de abano, são mais magros ou mais gordinhos, possuem nomes que resultam em alguma piada, são gays, negros, de classe social diferente, de uma minoria étnica ou religiosa, etc. “Nasci em Belém do Pará e me mudei para São Paulo na adolescência. No colégio, logo virei a ‘baiana’. Tiravam sarro do meu sotaque, do meu cabelo ‘ruim’, das minhas roupas ‘pobrezinhas’. Depois de um tempo, não queria mais ir para a escola”, lembra a publicitária Márcia Sampaio.
Atualmente, é preciso também saber lidar com o bullying resultado do consumismo, em que crianças ficam excluídas dos grupos na escola porque não têm determinados produtos. Segundo pesquisa do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, 30 por cento das mães acreditam que os filhos já sofreram diferenciação por não terem os mesmos produtos ou usar as mesmas marcas do que os colegas. “Diferença de classe social pode ser um grande facilitador para uma situação de bullying, em especial se a criança ou adolescente que for acusado se identificar com aquilo que dizem dele, acreditar que de fato não vale nada porque não tem o tênis da moda ou o celular da marca x”, diz Luciana. Neste caso, evite ceder aos anseios de consumo da criança. Use a oportunidade para ressaltar que mais vale ser uma pessoa legal, amiga, companheira do que ter um produto específico. Apresente também o conceito de autonomia, incentivando-o a ter opiniões e gostos próprios, em vez de simplesmente copiar os outros.
Quem costuma ser o autor do bullying?
Enquanto o foco das atenções, ao falarmos de bullying, costuma ser a vítima, ajudar o autor da agressão é igualmente importante. Isso porque trata-se de alguém que só se sente valorizado quando possui poder sobre o sofrimento do outro. Precisa se sentir superior e, por isso, busca no diferente um “ponto fraco”, provocando-o. A vítima, por sua vez, passa a se perceber como inferior. “É ainda mais difícil para os pais identificarem – e aceitarem – que seus filhos são autores de bullying, em especial porque costumam não enxergar que a criança na presença da família funciona de uma forma, mas na presença dos pares é de outra natureza”, alerta Luciana. Nestes casos, a solução é muito diálogo e, claro, bons exemplos. Ao conversar com o seu filho, procure entender quais as posições dele em assuntos que lidam, de alguma forma, com questões éticas, respeito ao próximo, compaixão, etc.
Como saber se meu filho está sofrendo bullying?
Os pais devem ficar atentos a mudanças sutis no comportamento do filho. Preste atenção se ele está mais irritado, sensível, não quer ir na escola, começa a exigir coisas que antes não precisava (uma roupa de uma marca específica, por exemplo). E, claro, tenha o diálogo como algo habitual dentro de casa. Transforme bate-papos sobre o dia da criança ou do adolescente em algo rotineiro. E, mais importante, mostre que está ao lado dele, que o apoia, ama e admira. Dessa forma, caso algo esteja acontecendo, ele se sentirá menos desconfortável em dizer algo.
O que fazer caso meu filho esteja sofrendo bullying?
“A grande chave ao ajudar seu filho a combater o bullying é mostrar a ele que ser uma pessoa bacana tem muito mais valor do que ter o tênis da moda. Ensinar que uma única característica não define uma pessoa e certamente não a classifica como de menos ou mais valor”, garante a psicóloga. Para tanto, aposte no diálogo, num tom acolhedor e palavras que valorizam a criança ou adolescente. Conjuntamente, pensem em atitudes e possíveis respostas para que seu filho responda ao agressor, reaja à violência. Fortaleça seu filho emocionalmente para que ele consiga se posicionar. Vale também avisar na escola sobre o problema e, caso o autor seja de uma família conhecida, procurar conversar com os pais da criança responsável pelo bullying. “Esse diálogo não deve ser no sentido de punir, mas de ajudar as crianças (autor e expectadores) a entenderem a questão. Um castigo é momentâneo. A criança para de fazer porque leva bronca e não porque de fato compreende que não deve tratar os outros dessa maneira”, alerta Luciana.
Onde posso procurar ajuda para o meu filho?
Existem diversos cursos online gratuitos que explicam o bullying em detalhes, apontando caminhos para lidar com o problema. A Associação Brasileira de Educação Online e Portal Educação oferecem bons programas.
Na página do Ministério Público do Estado do Paraná é possível baixar gratuitamente diversas publicações – para os pais e para as crianças – que ajudam a compreender e combater a questão.
Existem também duas plataformas criadas especialmente para ajudar vítimas. Uma delas é a SaferNet.org, feita em cooperação com o Ministério Público Federal e a Secretaria de Direitos Humanos, e oferece uma helpline (via chat ou e-mail) através da qual oferecem orientação especializada e gratuita para pais e vítimas. A outra é a páginaHumanizaRedes, lançada no início deste ano pelo Governo Federal, com o objetivo de diminuir em especial o cyberbullying (bullying feito pela internet) no país.