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Lucas Henrique, do Portal A Crítica

Exemplo para superar o bullying




A luta agarrada tem como um de seus principais pilares, o wrestling, modalidade onde o objetivo principal é derrubar e imobilizar o oponente no solo. Assim como nesse esporte, em nossas vidas também temos de ser mais fortes que diversos ‘adversários’ e ‘arremessar’ as dificuldades ao chão, por maiores que elas possam parecer.

É o que fez a atleta Diana Lira, tricampeã brasileira de wrestling, aos 18 anos de idade. Desde muito nova, a manauara ‘brigou’ contra adversidades imensas: aos três anos de idade ela perdeu o pai e aos oito descobriu a leucemia, um câncer que atinge as células sanguíneas. Muito antes de conhecer o wrestling, a manauara já travava sua própria ‘luta’ agarrada.

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“Foi uma fase muito difícil para mim. Quando tive a doença, eu sofria bullying na escola, pela quimioterapia meu cabelo caía e bagunçavam com isso”, contou Diana sobre sua infância, onde precisava lidar com a implicância de outras crianças no colégio enquanto passava pelo tratamento da leucemia.

“Eu queria me defender, então batia nos garotos que faziam isso comigo”, revela a atleta da equipe Amazônia Club da Luta.

Fúria contra o mundo

O primeiro contato de Diana com a luta veio a partir de uma forma de defesa contra tudo de negativo que o mundo lhe trouxe. Mas foi apenas através do esporte que ela descobriu como controlar sua força e imobilizar os principais ‘oponentes’ em seu caminho de vida.

“Eu achei no wrestling uma forma de descontar toda a raiva que eu tinha do que a vida havia trazido pra mim. Eu sofria muito bullying e descontava tudo nos treinos. Achei uma saída no esporte”, disse a manauara que começou os treinos ainda enquanto fazia quimioterapia.

Começo na modalidade

Diana comentou que o início da trajetória no wrestling não foi nada fácil. Por conta da intensidade do tratamento, a mãe da atleta temia que ela se machucasse praticando a modalidade.

“Conheci o wrestling através do projeto social do professor Anderson Alves, na escola Dom Milton, que fica bem em frente aqui da academia. No começo minha mãe me proibiu de participar, por medo que eu tivesse alguma lesão e atrapalhasse na minha recuperação”, revelou a tricampeã nacional.

Foto: Sandro Pereira

Apesar disso, Diana contrariou a mãe e continuou participando dos treinos com o professor Anderson Alves. Quando a atleta começou a participar de campeonatos, sua mãe procurou auxilio na medicina e recebeu incentivo para que a filha continuasse na modalidade.

“Fomos até minha médica e ela disse que seria até bom fazer algum esporte, que isso ajudaria na recuperação. Passados esses 10 anos já estou muito melhor, não tenho mais nada no meu sangue e só vou ao hospital para fazer o acompanhamento”, revelou Diana.

A superação

A infância extremamente difícil da atleta fez com que ela criasse uma mentalidade de muita força e perseverança. Esses são fatores fundamentais no wrestling, onde o físico e o mental precisam estar em sintonia para não ser ‘derrubado’ antes mesmo da luta começar.

“Ficava muito desgastada pela quimioterapia enquanto treinava, mas recuperava tudo porque queria atingir o meu sonho. Tinham dias que eu não conseguia andar porque a quimioterapia era muito forte. Hoje sou tricampeã brasileira e campeã sul-americana”, disse sobre sua notória evolução.

Suporte duplo

Em sua trajetória, é claro que Diana muitas vezes se ‘perdeu’ do caminho que a levaria até os triunfos conquistados. Para não deixar que ela saísse dos trilhos, duas figuras muito importantes sempre estiveram ao seu lado, a mãe Tonia Silva e seu mentor Anderson Alves.

“Com uns 15 anos comecei a tirar notas baixas na escola. Minha mãe e o professor Anderson falaram que se eu não me dedicasse mais na escola não poderia competir”, contou Diana, que já está formada no colégio e pretende cursar Educação física a partir de próximo ano.

“Segundo pai” de Diana, como ela mesmo chama, o professor de wrestling Anderson Alves comentou sobre o auxílio que deu e continua dando até hoje para a jovem atleta.

“A Diana sempre foi uma menina muito brava, até por tudo que ela sofreu. O esporte ajudou muito ela nisso. No início ela chorava porque não conseguia bater de frente com os outros atletas. Hoje ela é totalmente diferente, sempre conversamos muito aqui”, disse o responsável por ‘lapidar’ a força de Diana.


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